Escada do céu
*Os nomes que darei aos personagens serão fictícios, mas a estória é verídica!
Quando eu morava em Ipirá, na rua da minha casa tinha uma senhora muito educada porém muito humilde e de hábitos simples. Tinha nascido e se criado na zona rural, vindo para a cidade só depois de casada, casou-se também com uma pessoa simples, o seu esposo chama-se Gai e seu nome é Quita.
No interior vocês sabem que as pessoas são conhecidas como: “fulano de beltrano”. EX: Chico de Amaro...
Na década de 90 houve uma seca castigante na cidade, onde até o fornecimento de água PAGA ficou escassa, algumas casas, com bons reservatórios de água, conseguiam manter-se e ajudar outras que não possuíam reservatórios. Na casa de Quita, não havia como armazenar água, até pelo seu humilde tamanho, então Quita ficava revezando entre a minha casa e a casa de Nelva de João de Polares.
Quita tinha acabado de pegar água em minha casa para lavar louça e dar banho em sua filha Dingolares para ir à escola, só que, em uma quantidade menor de água como de costume.
A água acabou antes mesmo de lavar a louça, então Quita ficou com vergonha de retornar a minha casa para pegar mais e descambou-se para casa de Nelva de João de Polares com 2 baldes nas mãos:
Lá chegando começou o diálogo (sic):
- Ô Nelva, por amor ao divino santíssimo, me arruma 2 barde d’água
- Quita minha água está acabando e eu só tenho para o meu gasto da casa.
Quita não se conteve e arruinou a chorar.
Com uma mágoa muito grande, ela olhou no fundo dos olhos de Nelva, e disse:
- Destá, Nelva, quando tu morrer e subir as escadas do céu e perguntar: tudo bem, Jesuse?. Jesuse vai dizer: tudo bem nada, tu negaste 2 barde d’água a Quita, muié de Gai, e o castigo será formado.
Tu já viu negares água?
Pegue tua água e faça um bom proveitho, aliás aproveithe que tá de arbundança e lave teu bacaiau, que não tamo em vespra de quarerma pá ser obrigardo a oiçar um fedô tão miserarve como o do teu bacaiau.